Esta semana houve várias coisas que me fizeram crer que gente do norte e gente do sul, ainda que façam parte do mesmo país, não sao de modo algum uma mesma nação.
Primeiro foi o desespero da Diana que foi a Lisboa só durante dois dias (para uma conferência) e ao segundo já estava morta por voltar. Peço-lhe desculpa mas tenho de citar algumas das sms que me mandou:
"Eu não gosto naturalmente das pessoas de Lisboa, têm uma maneira amaricada de falar. Ai Porto, que saudades, estou farta de estar aqui!"
"Ai, eu nao me dava aqui, não há população portuguesas, é so gente de outras entias!"
Depois, ainda hoje não pude deixar de me rir à gargalhada com o desespero dos repórteres da
TVI que não conseguiam descobrir um único adepto da selecção, no estádio do dragão, que fosse oriundo da cidade do Porto, ao que um amigo meu ( o zé rui...pa lhe dar os direitos de autor) comentou "Sempre primeiro o Porto, depois Portugal.....". Havia açorianos, emigrantes em França, na Suíça, no Canadá, suecos convertidos.....Portuenses e que nem vê-los!!!!
Por último ainda a homenagem a uma expressão muito célebre na minha família, de alguém que foi estudar para a capital aos 17 anos e que, quando questionado se gostava da cidade, respondia sempre do mesmo modo "A melhor coisa que Lisboa tem é o comboio para vir para o porto".
Fui à procura de uma base histórica para esta separação (na verdade nao tive de procurar muito, já tinha a dica) e encontrei o seguinte texto da autoria de Charles François Dumouriez, general de Napoleão aquando das invasões francesas:
" Os costumes das províncias do Norte de Portugal assemelham-se positivamente aos dos escoceses. São belos homens, francos, sinceros, corajosos, cheios de preconceitos, de ódio nacional, de amor patriótico. Eles exercem a hospitalidade: nas províncias de Entre Minho-e-Douro e Trás-os-Montes não existem albergues.
No meio do país, ao contrário, e particularmente em Lisboa, os habitantes são ladrões, avarentos, traidores, brutais, orgulhosos, mal-humorados e também maus de corpo como de espírito (....)"
Se já em 1776 eram assim visíveis estas diferenças, porque é que ainda hoje não conseguimos libertar-nos dos senhores do Terreiro do Paço, que tanto se têm esforçado por nos ignorar ou, ao invés. prejudicar?
O Porto (o Norte) é Portugal, o resto é paisagem (ou deserto, segundo a intrepretação de Mário Lino)