quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Just a inocent joke

Sócrates foi a uma escola conversar com as criancinhas, acompanhado de
uma comitiva.
Depois de apresentar todas as maravilhosas realizações de seu governo, disse às criancinhas que iria responder perguntas.
Uma das crianças levantou a mão e Sócrates perguntou:
- Qual é o seu nome, meu filho?
- PAULINHO. (lembre-se bem deste nome)
- E qual é a sua pergunta?
- Eu tenho três perguntas:

1ª)Onde estão os 150.000 empregos prometidos na sua campanha eleitoral?
2ª)Quem meteu ao bolso o dinheiro do Freeport?
3ª)O senhor sabia dos escândalos do Face Oculta?

Sócrates fica desnorteado, mas neste momento a campainha para o
recreio toca, ele aproveita e diz que responderá depois do recreio.


Após o recreio, Sócrates diz:
- Porreiro Pá, onde estávamos? Acho que eu ia responder perguntas.
Quem tem perguntas?
Um outro garotinho levanta a mão e Sócrates aponta para ele.
- Pode perguntar, meu filho. Como é o seu nome?
- Joãozinho, e tenho cinco perguntas:
1ª)Onde estão os 150.000 empregos prometidos na sua campanha eleitoral?
2ª)Quem meteu ao bolso o dinheiro do Freeport?
3ª)O senhor sabia dos escândalos do Face Oculta?
4ª)Por que é que a campaínha do recreio tocou meia hora mais cedo?
5ª)Onde está o PAULINHO??

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A cidade da Républica

É com enorme prazer que comemoro o primeiro aniversário do meu blog, com a minha cidade das sombras no centro das atenções. Que outra forma melhor haveria?

Este fim de semana, no Porto, reinou a agitação. Motivo: a abertura das comemorações do primeiro centenário da Républica portuguesa com a evocação dos acontecimentos de 31 de Janeiro de 1891 .Eu sei que nao faz 100 anos sobre esta data, mas ela está indissoluvelmente ligada à República, pelo que não podia deixar de ser celebrada em conjunto com ela.
Como cidadã activa e particpativa, replublicana (sim, admito que mais por hábito do que por convicção) mas acima de tudo como portuense convicta decidi empenhar-me a sério nesta comemoração. Mas antes de falar sobre a festa propriamente dita, fica aqui um pequeno resumo dos acontecimentos que agora se celebram....só para os mais distraídos!

Na madrugada do último dia de Janeiro de 1981, um ano após o Ultimato Inglês, um grupo de soldados dirigidos por sargentos marcharam pela cidade em direcção ao então Campo de Sto.Ovídeo, actual Praça da Républica. Aí juntou-se-lhes um outro grupo liderado pelo Alferes Malheiro e, juntos, desceram pela Rua do Almada em direcção à câmara municipal que se situava mais ou menos onde hoje é a Praça da Liberdade. Pelo caminho, uma multidão de portuenses juntou-lhes em romaria, aplaudindo e incitando-os, oferecenho-lhes água e comida e colocando colchas brancas nas janelas.
Da varanda da câmara municipal (o edifício já não existe, mas as suas famosas varandas foram mantidas pela cidade e tranferidas para os jardins do Palácio de Cristal e ainda lá estão oferecendo um excelente local para namoro e fotografias, estou certa, teresinha?) Alves da Veiga procalmaou pela primeira vez a Républica no nosso país e, terminado o seu discurso de improviso, o sargento Abílio gritou "Viva a Répública!" sendo imitado pela multidão.
Depois o numeroso grupo começou a subir a Rua de Sto. António (31 de Janeiro desde o 25 de Abril), tendo como objectivo tomar os correios e o telégrafo da Praça da Batalha. Mas na escadaria da igreja de Sto. Idelfonso aguardava-os um destacamento da Guarda Munincipal que não se coibiu de abrir fogo sobre a multidão. Em minutos a rua ficou coberta de mortos e de feridos. Algumas balas dos revoltosos deixaram mesmo marcas nas paredes da igreja, acho que ainda lá estão, à esperda de serem vistas. Entedem agora de onde surgiu a conhecida expressão nortenha " Armar um trinta e um"?
Bom, dezenas de pessoas foram detidas e levadas para julgamento num barco atracado ao largo de Matosinhos pois as autoridades temiam um levantamento em massa da população da cidade.

Falhanço ou não, certo é que o Porto foi a primeira cidade republicana do país e o primeiro lugar onde se tocou "A Portuguesa", por favor lembrem-se disto quando no Mundial de 2010 ouvirem tocar nosso hino! Malhas que o império tece, a "sargentada" ficou esquecida na história cabendo a Lisboa todas as honras da Implantação da Républica, embora só o tivesse feito quase 20 anos depois de nós.

As comemorações começaram no final da tarde de dia 30. Descemos à Av. dos Aliados e aí ofereceram-nos um panfleto com a programação oficial, e, porque estamos no Porto, uma capa de plástico para nos protegermos da eventual chuvada! XD
A reconstituição dos acontecimentos estava marcada para as 18.30 mas só começou meia hora depois, valeu nos a música Celta enquanto esperámos.
Da Rua do Almada surge então uma multidão de soldados e gente vestida à época, ouve-se o hino e da varanda do edifício do Banco de Portugal, o conhecido actor portuense António Reis proclamou a República. Tão concentrado que estava no espírito da época, esqueceu-se de que em 2010 existem microfones e numa pausa do discurso deixou fugir um carismático " Tira a bandeira da minha frente cara**" para o actor que estava ao seu lado" .
Findo o discurso gritou-se "Viva a Républica!",os portuenses de hoje aplaudiram e no céu rebentaram foguetes e fogo de artifício que fizeram levantar as aves da avenida.
Depois os soldados prefilaram-se e "dispararam" uns quantos tiros, a multidão de 2010 afastou-se para deixar passar os cavalos da GNR que vinham da 31 de Janeiro substituindo a Guarda Municipal da época. As pessoas rodearam os dois grupos, deu-se o confronto, ali mesmo frente ao Banco, foi disparado um canhão também ele oitocentista e no fim, restaram no chão vários corpos representantdo os mortos e os feridos da revolta (felizmente estes levantaram-se pouco depois). Foi quase tão improvisado como a própria revolução mas por isso mesmo genuíno...valeu a pena. Quem viu nunca mais esquece!

Depois do jantar, rumámos ao coliseu onde quatro consagradas vozes portuenses: Rui Veloso, Sérgio Godinho ,Rui Reininho e Pedro Abrunhosa se juntaram num concerto único e irrepetível!
Haveria muito a dizer mas fica no segredo só posso dizer que me arrepiei de ouvir a sala inteira entoar a "Pronúncia do Norte" num dueto Reininho/ Abrunhosa, bem melhor que o original e que quase me vieram as lágrimas aos olhos com o "Porto Sentido" que aliás foi o texto com que abri este blog, há um ano atrás.

A manhã de 31 ficou reservada às cerimónias de Estado e, por isso descemos de novo à avenida. Foi hasteada a bandeira, ouviu-se o hino e, passando a parada militar à frente que, por motivos pessoais detesto, restaram os discursos das individualidades.
O primeiro a falar foi o Dr. Artur Santos Silva, presidente da Comissão para a Comemoração do Centenário da República, ilustre portuense originário de uma família impecável de republicanos e homens de Estado. Foi um discurso intenso, carregado de valores onde a história da cidade se cruzou com a da sua própria família. Não estivesse já de pé e ter me ia levantado para aplaudir este senhor, nobre e digno socialista (uma raridade nos dias que correm!)
Veio depois o sr. 1º ministro José Socrates, que não se livrou de umas vaias antes de começar a falar. Um discurso pacífico e unificador admito, mas um tanto ao quanto vazio de conteúdo. Além disso sobram críticas: era uma cerimónia, não um comício,por isso era dispensável o tom de campanha eleitoral e foi uma pena só se ter lembrado das virtudes dos portuenses no final do discurso. Mas recordarei para sempre as suas palavras, Sr. 1º ministro "O Porto foi e continua a ser um grande símbolo de liberdade." Garanto-lhe que tudo farei para as manter verdadeiras ....mesmo que seja contra a sua vontade!
Por fim, o Sr. Presidente da República encerrou a pompa,com um discurso semelhante mas mais valorativo e sem dúvida com uma forma muito mais elaborada, onde abundavam as citações de homens ilustres da 1ª República. Foi um pouco entediante, mas valeu a pena vê-lo quebrar todas as regras do protocolo (quem trabalha nestas coisas sabe a dor de cabeça que é!!!) e avançar a pé avenida fora para a Câmara cumprimentando com apertos de mão todos os que lhe apareceram no caminho. Grande carácter, sem dúvida!

De tarde ainda houve abertura de uma exposição fotográfica sobre a resistência republicana no período da ditadura no Centro Português de Fotografia na antiga Cadeia da Relação, na Cordoaria. Mas essa fica para o próximo fim de semana que tanta actividade cultural ainda faz mal ao cérebro!

E à noite ainda podíamos ir ao Ateneu Comercial a uma conferência com ao Grão- Mestre da Maçonaria, porque a organização e a República estão indissoluvelmente ligadas (aliás, lamento desiludir os mais crédulos mas o verde e vermelho da nossa bandeira nada têm a ver com o sangue derramado dos nossos antepassados e com os campos verdejantes de Portugal, como vos ensinaram na escola, são antes as cores da Maçonaria). Mas como ia dizer, eu, por mim fujo de tudo o que seja secreto. E o melhor mesmo é ir para casa que esta República toda já me está a dar fome!