sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Senhoras donas, por favor!
2008-09-28
Por Alice Vieira

Cada país (cada língua, cada cultura) tem a sua maneira específica de se dirigir às pessoas. Mal passamos Vilar Formoso, logo toda a gente se trata por tu, que os espanhóis não são de etiquetas nem de salamaleques.
Mas nós não somos espanhóis.
Também não somos mexicanos, que se tratam por "Licenciado" Fulano. Nem alinhamos com os brasileiros, para quem toda a gente é "Doutor", seguido do nome próprio: Doutor Pedro, Doutor António, Doutor Wanderlei, etc..
Por cá, Doutor é seguido de apelido, e as mulheres, depois de passarem por aqueles brevíssimos segundos em que são tratadas por "Menina", passam de imediato-- sejam casadas, solteiras, viúvas ou amigadas, sejam velhas ou novas, gordas ou magras, feias ou bonitas, ricas ou pobres -à categoria de "Senhora Dona".
Mas parece que uns estranhos ventos sopraram pelas cabeças das gerações mais novas que fizeram o "dona" ir pelos ares ou ficar no tinteiro. Quando recebo daqueles telefonemas que me querem impingir tudo o que se inventou à face da terra-- desde "produtos" bancários que me garantem vida farta, até prémios que supostamente ganhei por coisas a que nunca concorri-sou logo tratada por "Senhora Alice." Respondo sempre: " trate-me por tu, se quiser; ou só pelo meu nome, se lhe apetecer; mas nunca por Senhora Alice".
Mas o cérebro destes pobrezinhos não foi formatado para encontrar resposta a estas coisas, e exclamam logo: "ah, então não é a Senhora Alice que está ao telefone!"
Eu sei que isto não é uma coisa importante, mas que é que querem, irrita-me quando oiço este tratamento dado às mulheres.
Tal como me irrita quando vejo/oiço um jornalista tratar por você alguém com o dobro da idade dele.
É uma questão de delicadeza. De respeito. E de saber falar português. Três coisas-admito-completamente fora de moda.
Pois qual não é o meu espanto quando, aqui há dias, na televisão, oiço o Senhor Primeiro Ministro referir-se assim à mulher (também odeio a palavra "esposa"…) do Comendador Manuel Violas. "A Senhora Celeste…." (não sei se é este o nome da senhora, mas adiante).
Fico parva. Nos cursos todos que tirou, ninguém lhe ensinou que as senhoras são todas "Senhoras Donas"?
Parafraseando livremente o nosso Augusto Gil, "que quem trabalha num call-center nos faça sofrer tormentos… enfim!/ Mas o Primeiro Ministro, Senhor? Por que nos dás esta dor? Por que padecemos assim?"



Subescrevo plenamente!

4 comentários:

  1. Está um pouco confuso mas também concordo que a banalização do 'doutor' (que não se aplica só aos brazucas) chega a ser ridículo, porque, de repente, doutor já não é apenas o médico, mas também o advogado, o economista, etc...é confuso!
    Só não entendo o que é que a SENHORA tem contra o tratamento que se dá às...senhoras! Porque afinal é isso que as mulheres são a partir de uma certa idade...como ela disse 'é uma questão de respeito'.

    São opiniões!
    Bjs

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  2. Obrigada por ainda seres minha leitora.
    Só não sei como tu, mera estudante te arrogas já no direito de contestar a opinião de uma das maiores escritoras da lingua portuguesaXD. `
    ainda para mais com o argumento errado.
    Ela não esta contra o tratemento por SEHORA, por amor de Deus, está contra o facto de dizerem somente senhora e não senhora dona, como é correcto! XD

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  3. Aqui vai a minha opinião: senhoras são todas as mulheres e donas também o são, pois de certa forma somos sempre donas de alguma coisa. Quanto aos doutores as pessoas é que são burras, pois acham que se deve tratar de doutor todo aquele que tem a porcaria de um diploma. Estou como a Ana "são opiniões".

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  4. Então corrijo: senhora dona é antiquado, pronto. E que me interessa contestar a opinião dela? Até podia ser o papa. São opiniões.

    Tal como eu disse, o texto está confuso, mas isso não é culpa tua

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